domingo, 11 de janeiro de 2009

preta e a chuva

"Será que hoje vai chover? Você tem medo da chuva, menina? Mas por quê? É por causa daqueles barulhos que de vez em quando vem acompanhando ela? Não se assuste, preta. É porque você nunca olhou, mas na maioria das vezes, vem também uma claridão tão forte e bonita. Eu acho que esse barulho é de tão forte que é a luz que vai descendo do céu, sabia?

Olha! Ta ouvindo? Acho que começou a chover...

Vamo na janela olhar, vamo? Eu pego na sua mão. Te acalento... posso cantar pra você dormir também. É tão bom dormir com o barulhinho da chuva batendo na janela. Eu sempre deito encostado na janela, fico vendo os pingos se encontrando, se fazendo um só e descendo como se tivesse dançando. É bonito, preta.

Um dia eu já senti uma tristezinha com a chuva. Ela tem mesmo alguma coisa de um pouco triste, né? Lembra uma pessoa chorando. Será que chove toda vez que alguém que a gente ama vai embora? Será que chove toda vez que alguém se separa de outro alguém quando ainda existe amor? Será que chove de tanta tristeza? Ou mesmo de muita felicidade? Quando duas pessoas se beijam com muito amor? Quando se vê quem se ama voltar? Ou mesmo quando uma criança sorri, dá um gritinho de felicidade? Eeeita! Hahaha, assim nunca ia parar de chover, né?

Vamo, vamo lá na janela. Isso, vê como é bonito, preta."

(Pega a mão dela, dá um beijo e só segura... um sorriso brota no rosto dela. E a chuva lá fora canta, canta.)


Larissa Fontes

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