terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ensaio


Visto as cores mais alegres,
pra que quando seu olhar bata em mim, sinta toda essa energia
Sei das histórias mais belas,
pra que quando repouse em meu colo, sinta toda a fantasia
Tenho toda a paz nas mãos,
pra que quando acaricie sua cabeça, sinta toda a tranquilidade
Vejo a emoção em tudo,
para que quando pudermos olhar juntos para a mesma direção, sinta o que há de belo
Escrevo palavras bobas e com significado escondido,
pra que quando leias, só você sinta o que te dedico
Recebo a luz que emana todos os astros,
pra que quando desças do teu céu, sinta toda essa claridade
Olho com o meu olhar mais puro,
pra que ele, quando seja seu, o faça sentir toda a sinceridade
Ando com passos calmos e silenciosos,
para que quando se aproxime, sinta toda a cautela...

Larissa Fontes

domingo, 28 de setembro de 2008

Tanto nós


O telefone tocou. Estava absorto em mais um momento comigo mesmo. Me ouvia, me explicava, embora não me compreendesse. Era você. Fazia tempo que não escutava a sua voz e não sei colocar em palavras o que senti quando me dei conta.
Hoje você me ligou. Me chamou no telefone e eu senti minhas pernas estremecerem. Depois de tanto tempo, ouvir sua voz de novo. E mesmo assim senti tudo voltar, todas as sensações, os sentimentos, os formigamentos e até aquele aperto no coração que eu sentia sempre a qualquer palavra sua. Eu sei do que vai acontecer quando eu chegar, sei das coisas que vamos fazer e no final sei da briga que vamos ter. Até posso ouvir o tom das nossas vozes subindo cada vez mais, a raiva se mostrando. Raiva com amor. A mistura mais comum nos relacionamentos. Ninguém deixa de amar na raiva. Mesmo quando as duas pessoas estão se odiando, se amam. Se amam nos olhos, nas atitudes contrárias ao desejo real e até no orgulho teimoso. E mesmo tendo essa consciência, tenho raiva de você, te odeio, mas te amo e por isso nesse momento essas coisas estão passando na minha cabeça enquanto dirijo em direção ao que foi a nossa casa.
Vou passando pelas ruas que a gente costumava percorrer quando batia aquela vontade de tomar um vinho e olhar o movimento das pessoas. Nos sentávamos sempre na mesma mesa daquele mesmo bar. A nossa mesa e o nosso bar. Agora ela tá vazia. Estou com vontade de me sentar lá e ficar lembrando da gente. Mas isso iria doer. Acho melhor continuar. Continuo e vou chegando no fim da rua. Lá tem o nosso cinema. Perceba que nada mudou. Só eu e você. O que não deveria ter mudado nunca, mudou.
Tenho vontade de fechar os olhos pra não ter que ver tanto nós em tudo.
Chego e vejo que você ainda não aprendeu a colocar o carro pela garagem do vizinho, ele continua estacionado torto. Sorrio baixinho. Encosto a cabeça na parede do elevador e fecho os olhos respirando fundo enquanto ele sobe. Tento ensaiar alguma frase pra descontrair, mas como não consigo, resolvo deixar no improviso mesmo. Costumo fazer isso quando não sei o que dizer. Vou no impulso. Quando vi, já foi.
E você abre a porta com aquele roupão que eu brincava dizendo que era sua tatuagem, mas era só uma brincadeira, porque eu acho que não existe uma roupa que lhe caia tão perfeito quanto esse roupão. É assim que eu te imagino, assim que eu te vejo nos meus pensamentos. Até sonhei uma vez. Nenhuma frase consegue sair da minha boca, então te puxo pra um abraço e não sei quanto tempo fico te sentindo tão perto.
Então logo depois, vem a primeira alfinetada. O primeiro descompasso. Que puxa a chuva de insultos e ofensas. Jogando a culpa um pro outro como se brincássemos de bola.
Estou vendo você na minha frente, tão alterada, as lágrimas caindo sem querer dos seus olhos, sei que tá doendo em você e tento te dizer que dói em mim também, mas você está surda, só sabe falar, falar, falar.
Corro pra você, te calo com um beijo e...

Acordo com o sol na minha cara, quando viro pro lado, você dormindo ao meu lado, toda linda. Ainda segura a minha mão.

Larissa Fontes

sábado, 27 de setembro de 2008

Conversando sozinha


Incrível como as coisas acontecem. Elas têm de acontecer mesmo, não adianta correr pra fugir, se esconder, ou fingir que não está vendo nada. Existe uma coisa que ronda todas as pessoas, que toma conta de tudo que acontece e sempre está a favor do bem. Essa coisa se chama destino. Estou tão numa vibe de destino, ultimamente essa palavra está sempre nos meus textos, mas não é por acaso. Acaso. Agora pensei nessa palavra. Eu acho que o acaso é fruto do destino. Pessoas não se encontram por acaso. Estão predestinadas a se encontrarem, apenas não sabem disso e não esperam, por isso quando acontece, chamam de acaso. É tudo lindo. No fim é tudo lindo mesmo.

As coisas que falamos quando não conseguimos segurar, a sensação depois que isso acontece. As lágrimas que descem sem querer e o pranto que corre logo em seguida. O como a raiva e os sentimentos ruins podem ir embora em apenas um olhar nos olhos, o como muda tudo. O simplesmente acontecer das coisas. O decorrer da vida, mesmo.
Queria falar do amor com mais facilidade, saber dar o nome certo a alguns sentimentos que nascem dentro de mim, mas ainda é difícil. O meu consolo pra isso é pensar que ainda tenho muito tempo pela frente pra descobrir mais dele, do amor. Tenho tempo para conhecer mais palavras, palavras desconhecidas que enfim sirvirão para o que eu quero nomear. Palavras bonitas e colocadas na frase certa.
Quero que as palavras explodam de mim, pra fora de mim. Quero que sejam ditas e sem medo de qualquer medo. Não quero mais medo na minha vida. Quero coragem! Quero escrever todos os dias, quero ter que escrever todos os dias. Quero que venham onde quer que eu esteja, que sejam escritas em qualquer papel, mesmo que perdido. Quero encontrar inspiração e emoção nas coisas mais simples e inesperadas.
Quero escrever coisas que as pessoas leiam e digam surpresas que eu adivinhei o que elas estão passando, que se identificam, que "ela escreve pra mim", como eu já tantas vezes disse ao ler Clarice. Quero escrever livros e mais livros, quero autografá-los, quero escrever pra mim e pras pessoas.


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Nada!


O que fazer quando queremos dizer que não queremos dizer nada? É isso que eu quero. Eu quero dizer que não quero dizer nada. Nada! Foi nisso que deu: nada! E por que essas palavras estão com essa mania de quase serem vomitadas? Parem! Agora!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

No último dedo da mão direita


Momentos de intenso mal estar. Uma certeza, uma dúvida e uma dose incalculável de insegurança. Chegou a doer fisicamente. O corpo inteiro se contraiu com a força de um sentimento ruim. Ansiedade. Vontade de enfrentar logo de frente, mas ao mesmo tempo querer adiar o máximo que puder, "não tô pronta ainda". Por mais que exista uma preparação psicológica, "ainda não tô pronta".
Não queria estar escrevendo essas coisas, mas elas estão saindo, mal conseguiram se segurar até eu pegar um papel. Tive que correr pra que elas não escapulissem pela boca. Ainda não quero. Não quero. Alguma coisa aqui dentro me faça parar.
Cheguei. Chegou a hora.
E foi como havia esperado todo o tempo antes. Digo pelo menos o que aconteceu no lado de dentro. O lado de dentro do de fora não posso contar, não sei. Treinei tanto. Mas... Nó na garganta, vontade de fazer uma contradição. Um orgulho a mostra. Talvez a insegurança de ter feito a coisa certa ou não. Não querer ver e procurar com o olhar a todo momento. Ainda o sentimento ruim. Por que ele não vai embora? Ainda bem que ninguém pôde perceber o terremoto aqui dentro.
Até que eu vi. Ainda estava alí. Vi aquela coisinha e sorri sem perceber. Quando me dei conta, fechei a cara novamente e tentei me convencer de que aquilo não tinha sido um sorriso.

Larissa Fontes

"Eu sei, jogos de amor são pra se jogar.. O jogo segue, nunca chega ao fim e recomeça a cada instante. Se quiser jogar, me liga. Me liga!" (Paralamas do sucesso)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Rascunhos


Por um abraço agora, o que eu não faria?

Eu pularia da cama no momento do 13º sono;
Eu leria e criaria todos os poemas do mundo;
Aprenderia a cantar só pra te fazer dormir;
Velaria e cuidaria do teu sono pra afastar os pesadelos;
Ficaria olhando pra baixo do 17º andar...
Por mais um abraço
que durasse pra sempre.

Pra te conhecer, te mostrar quem sou
Te dar meu coração pronto
Limpo de medos e inseguranças
Pronto pra entrega, pro amor real
Diferente de tudo que já provei
Amar sem pensar em troca
Te dar carinho e meu sorriso mais sincero.

Vamos ter a nossa casa
Vamos compor uma música nossa
que faça lágrimas brotarem
De alegria e de emoção incontrolável.
Vamos viver de amor
De poesia.
Vamos vestir tudo dela.
Musicar nossos sentimentos
E dar nome as sensações.

Não vamos ter segredos
Dar abertura um ao outro
Falar de medos e alegrias
Contar novidades e bobagens do dia-a-dia
Vamos rir juntos até a barriga doer.

Vamos esperar anciosamente que o outro chegue
Vamos nos abraçar todo dia
Nos beijar sem parar
Nos olharmos sem cansar.
Vamos cozinhar juntos!
Melhor, você cozinha, eu limpo a bagunça.

Vamos ser felizes,
Vamos viver o que temos de viver
No nosso momento
Momento que fará sua importância,
Que se fará eterno.

Larissa Fontes

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Me transforme em poesia


Chegou sem bater

fazendo uma baderna danada
e está fazendo daqui a sua morada.
Que tamanha luz tu emana,
me irradia, reflete um sentimento que adormecia
Que mãos capazes dar toda a segurança
em um simples segurar a outra.
Tua luz irradia a minha
e juntas podem formar uma que irradia dessa vez o mundo!
Me toma a vontade de merecer
cada pensamento e cada palavra tua
Vontade de você, mesmo.
Os braços da paz são teus
e em mim são a tradução dessa palavra.
Quero ainda estar aqui pra ver-te abrir o coração
para que eu entre com toda a cautela e serenidade
fazer dele um terreno fértil pra cada sentimento que desejo plantar em ti.
Quero que me transforme em poesia,
na tua poesia.
Chego a sentir medo
e não quero que esse medo acabe
quero só esse teu olhar
me dá o teu olhar, ele me basta.
Só um pouco mais?

Larissa Fontes


domingo, 21 de setembro de 2008

Fulgáz


Não queira dar passos maiores que as suas pernas, não queira. Ninguém teve ou tem culpa de nada, as coisas tomam proporções inesperadas e fogem do nosso controle. Não aguentei. Não sei lidar com surpresas. E a maior e mais nova foi ver que a coisa era fulgáz. Precisei testar isso, precisei saber o que estava acontecendo, me situar e o que descobri foi um poço de grandes promessas da boca pra fora. A gente tem mania de querer que tudo seja lindo e profundo. Diferente. Assim foi, desejo de dar o mundo de presente, o maior amor que existisse, até um fusca. Amor de cinema, pra sempre, novamente: fulgáz. Temos que aprender que cada amor, por menor que seja, tem sua beleza. Não precisamos enfeitá-lo. O amor por si só já enfeitado das mais lindas e coloridas flores. Enfeitado dos pensamentos mais encantados, das palavras mais frágeis.

Eu sabia que não tinha nada de diferente, via em você algo dessa vontade de enfeitar uma coisa exageradamente, via algo desse poço, mas deixei que ele ficasse mais fundo. Eu não podia ter nada de diferente. Não tenho.
Você não podia querer que eu entrasse no seu sonho e simplesmente começasse a fantasiar. Era demais, era pesado. As coisas poderiam ir acontecendo, mas havia uma pressa quase que desesperada do que eu não podia dar. Não tinha paz. Não pude acompanhá-lo, e acho que na verdade nunca pude e esse era o destino. Foi uma passagem sim, mas ninguém vai saber se era pra ser assim ou se algo fez com que fosse. Embora uma voz aqui dentro diga "você sabia, por isso não acreditava". E tinha razão em não acreditar.
Agora me ocorre uma brincadeira de amar. Uma necessidade de ter alguém pra dizer que ama, escrever uma carta por dia, dizer bobagenszinhas no telefone, falar mansinho. Pra provar pra si mesmo que pode amar de novo. Que ama bonito e muito. Querer gritar que está apaixonado. Esqueceu que isso tudo é uma vestimenta da paixão. Ela anda coladinha no amor, a bixa é traiçoeira, sabia? Devia saber disso. Prega cada peça na gente! E não sei se você caiu como um patinho nessa ou se estava fazendo o que você melhor sabe, atuar. Ah! E confirmei essa sua qualidade. Um ótimo ator. Só não é tão profissional, pois não precisou de palco nenhum pra interpretar essa farsa/tragédia romantica. Não se jogue assim num abismo, cara. Ou se jogue, não é? Afinal o que vale é se jogar, ter uma história pra contar, um "amor de cinema".
Vou ser platéia agora. Sentar e ver qual será seu próximo espetáculo. Torço ainda para que seja um sucesso e que arrance aplausos de alguém que entre no seu jogo, na sua dança. Que dance conforme a tua música.
Preciso agora me segurar. E segurar principalmente esse sentimento ruim que se infiltrou dentro do meu coração pra que consiga levar em frente os meus planos de ser quem eu sou e ser mais! É difícil olhar nos teus olhos agora, porque eu jurei ter visto alguma verdade neles, mas dizem que os bons atores jogam a verdade nos olhos. Parabéns!
Abra agora os teus braços e os teus olhos pro que há ainda de vir.
São só palavras..
Good luck!

Larissa Fontes

sábado, 20 de setembro de 2008

Mais uma bobagem


Tudo conspirava

o céu cobrindo o mar com seu manto negro
tornando-se um só
o céu, o mar
ela e ele
não sabiam se o céu tinha ondas ou mar estrelas
tudo estava revirado
até a lua estava enormemente linda de tão feliz
e o sol na verdade, não tinha ido embora,
estava mais perto do que se possa imaginar
e não queimava.
O frio não alcançava aquele abraço

nem nada de ruim que houvesse no mundo
pois eles se encontraram e estavam juntos
os olhos se batiam tímidos e meio nervosos
numa surpresa irremediavelmente especial
onde dois caminhos que já haviam se encontrado
fizeram agora os corpos se tocarem em carinho puro
com um mar estrelado e um céu ondulado de testemunhas
dos poucos momentos a sós,
de algo inexplicável que nasceu sem propósito
e que não se sabe que rumo tomará
embora seja fato o bem que faz.
O cheiro, o gosto, a luz e o sorriso ficam guardados,
prometendo que todo encontro seja mágico
estrelado, ondulado, ensolarado...

Larissa Fontes

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A outra voz


"De qualquer forma, sabia - de onde quer que viesse o aviso. Sabia tanto que, igual às outras vezes, colocou a mão sobre o telefone um pouco antes que tocasse. E antes ainda sequer de começar a esperar, porque eram cinco e quinze, ele estremeceu ao ouvir o toque, quase sorrindo para dentro, para si, porque de alguma forma era como se o toque fosse produzido apenas pela vibração de seus dedos suspensos sobre o aparelho. Tivesse o poder de, à distância, magnetizar a mão de outra pessoa, induzindo o dedo indicador naquela mão daquela outra pessoa a discar seus seis ou sete números para chamá-lo.Mas já não tinha poder algum, se é que tivera um dia. E achava que não, além desse de agora: manter as pontes pelo tempo necessário e impreciso. Só atendeu depois do telefone tocar três vezes.

Mas não, não diria nada. Não se diz mais uma palavra quando, de muitas formas nunca claras o suficiente para que os outros entendam, tudo já foi dito.

- Até quando for preciso. Estarei aqui.
- Talvez dependa de mim.
- Tudo tem seu tempo. Há o tempo deles, também. Eu sou a ponte para você, você é a ponte para eles.
- Tenho medo que você falhe. Porque, se você falhar, eu falho também. E eu não posso.
- Eu não vou falhar. Não porque não posso, mas porque não quero.
- É como um pacto?
- Se você quiser.

Um dia seria para sempre: e eu só tenho esse centro talvez escuro de mim, onde me agarro.

Até um dia qualquer de sol, se você me esperar lá fora.

De repente, agora, como antes, pressentindo o toque do telefone, alguma coisa começava a contorcer-se por dentro dele, no aviso da partida. Quis retê-la ainda, à outra voz, com alguma história.

Passou os dedos devagar sobre o telefone mudo. Estava frio. Já não havia sonoridades vivas fugindo pelos furinhos do fone para aquecer e colorir o quarto. Todo o resto ia-se embora com a outra voz, o mundo inteiro que habitava dentro dele."


Caio F. Abreu

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Uma viagem


O bem é tanto, que a ansia é de até um simples pensamento. A hora em que se pode descansar a mente do que estava fazendo para que venham aqueles pensamentos, aquelas situações imaginadas, imagens, trejeitos. Fechar os olhos e perceber que poderia ficar alí assim, de olhos fechados, só com seus pensamentos. Mas de ao mesmo tempo precisar de mais. Querer que seu pensamento interfira no do outro. Transmissão, sabe? Um desejo incontrolável de estar perto, de estar apenas vendo-o. Um latejo que chegue a ser físico, que faça seu corpo se contrair. Uma imaginação desvairada. Um querer fazer alguma coisa e não poder.

Estranho existir um mundo enquanto você está se abstraindo. Estranho saber que o alvo de seu pensamento latejante vive, está vivendo agora. Está sentindo agora. Então se você pensar com uma força de dentro e de fora, se faz sentir. Sentir-te.
Os instantes rastejam, diferente do de estar perto, onde esses escorrem pelos dedos, correm, voam, simplesmente desaparecem, desesperando. Vontade de segurá-los, mas são mais rápidos e não se deixam agarrar. Te levam embora.

Larissa Fontes

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Para uma borboleta


Vou contar a história de uma largatinha. Apesar de pequenina, sempre foi serelepe. Já imaginaram uma largatinha serelepe? Pois era. Era colorida, tinha quase todas as cores do arco-íris e encantava a todos quando passava em seu habitat. Se apaixonou por um pássaro branco. Era um pássaro raro, que lhe cantava as canções mais belas e lhe prometia o céu e a terra. Aconteceu de um tempo em que esse pássaro teve que fazer sua viagem ao um dos extremos do mundo com seu bando, prometendo seu amor mais lindo e puro. A largata começou a vagar triste, dizem até que perdeu um pouco do brilho de sua cor. Enquanto dormia, sentiu alguns fios a cobrindo, estranhou, ficou com medo e chegou a pensar que era a morte a abraçando. Dormiu por um tempo que nem ela soube o quanto. Quando acordou, viu que estava diferente. Coisas estranhas tinham surgido, as cores que antes se espalhavam por seu corpo fininho e reto, agora faziam cores em forma de coração. Pensou que não poderia mais andar, estaria privada de tudo que sempre esteve acostumada. Estava deformada. Não entendia a beleza e nem o porquê daquelas coisas em seu corpo. As outras lagartas a julgavam, a olhavam feio. Isso a fazia mais triste do que se olhar no espelho e não saber o que acontecia com seu corpinho. E pra completar, não tinha por perto o amor e o canto de seu pássaro branco. Ela tentava voltar a sonhar, mas aquilo estava alí e ela não entendia. Chorou um dia inteiro, sem parar.
Um dia, percebeu que aquelas coisas estranhas eram asas. E podia voar. Podia bater aquelas metades de coração que elas a levariam para qualquer lugar que quisesse. As asinhas, que antes pareciam a atrapalhar e privar de toda uma vida, era parte de sua natureza. Era o destino dela. E que lindo destino.
O pássaro não voltou. Ela percebeu que não precisava mais dele, pois suas asas a levariam mais alto do que aquele céu prometido. Aprendeu que nem sempre o canto mais doce é o mais puro e verdadeiro. Hoje, seu maior orgulho e sua maior alegria são suas asas. Elas lhe devolveram sua alegria de viver e seu sorriso. Tão coloridas e bonitas! Seu voar é como um verdadeiro bailar no ar.
Ainda parece frágil, embora tenha-se feito forte feito uma verdadeira ROCHA.

Ah, e seu fraco ainda são os passarinhos. Haha!


P.S.: Com todo o amor!

Larissa Fontes

anoitecéu


a noite, céu






anoiteceu






a noite e eu.




Larissa Fontes

terça-feira, 16 de setembro de 2008

A quem interessar possa


Me recuso a continuar. Ninguém sofrerá por mim sem mim chorar. Ninguém entende, nem precisa. Nem você, nem eu. O anel que tu me deste sobre a folha que me contém sem compreender. Sem compreender que você carrega toda uma culpa milenar e imperdoável, a história como concreto sobre os teusmeusnossos ombros.

Lentamente a mão do anel que eu te dei, e era vidro. Depois ri, ri muito, ri bêbado, ri louco, ri ate te surpreenderes com a tua não dor, até te surpreenderes com não me ver nunca mais e com a desimportancia absoluta de não me ver nunca mais e com minha mão nos teus cabelos, distante, invisível, intocada no vento.

Caio F. Abreu

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Tempo, tempo, tempo.


"Ouve bem o que te digo."

Deveríamos fazer um acordo. Tu deixava que eu te voltasse por um instante, pra que eu fizesse aquilo que deixei de fazer.

Aquele instante em que eu abri a boca, mas deixei de falar; Em que eu quase cheguei a levantar os braços querendo um abraço, mas recuei; Pelo telefonema que eu pensei em dar, mas desisti... Já tô pedindo demais, então antes que me peças pra escolher, quero aquele instante em que pensei em agarrar com força aquela mão e não agarrei.

Larissa Fontes

"
O que usaremos pra isso, fica guardado em sigilo. Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos: tempo, tempo, tempo, tempo, entro num acordo contigo.." (Oração ao Tempo, Caetano Veloso)

Destino


Ele é o responsável pelos aviões perdidos, pelos atrasos, pelos encontros inesperados, até pelos desencontros. É o responsável por toda a felicidade conseguida, e até pelas tristezas indesejávelmente encontradas.

Larissa Fontes

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Os sentidos sentindo saudade


O cheiro da gasolina, do asfalto

Gosto de ansiedade, de coração acelerado
A "pré" visão de um rosto
A volta de uma voz conhecida
O toque de mãos que se sabem cúmplices
A textura das peles se tocando em um abraço
Um grito de felicidade abafado
Uma explosão de cores e flores ao vê-lo.

Larissa Fontes

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

No abraço


Você vai descer daquele carro, sei que vai me procurar e vai me ver ainda da janela. Vai vir na minha direção (nessa hora você já abriu aquele sorriso). Eu já posso sentir a quentura do meu rosto se ruborizando e o meu coração batendo louco no meu peito. Você chega mais perto e eu vejo aquele brilho nos seus olhos, aquele que eu via claramente toda vez que a gente se encontrava nos meus sonhos. Chega mais perto ainda, agora eu posso sentir o calor do teu corpo. A gente se abraça. Agora eu posso sentir o teu coração batendo no meu peito. Nossos corações batem juntos, porque estão o mais próximo que dois corações podem estar. O que sinto é uma vontade de não te largar mais, de sentir teu coração bater junto com o meu todo o tempo de vida. Uma sensação de estar totalmente no lugar onde eu queria estar: no teu abraço.

Larissa Fontes

domingo, 7 de setembro de 2008

Moça,


Te vejo passar todos os dias e, quando a senhora passa, os meus olhos te seguem até se perder de vista. Tenho vontade de ir atrás e ver aonde mora, pra que eu possa me sentar na frente da sua casa e ficar ansiosamente esperando pra vê-la sair e se fosse possível, se tivesse uma janela pra eu ficar olhando quando de vez enquando a senhora passasse por ela. Eu podia ficar o dia inteiro olhando pra ela. Ah! eu não tiraria os olhos.

As vezes a senhora passa apressada, quase correndo. Fico imaginando pra onde a senhora vai com toda aquela pressa, se tem alguém a esperando... Queria que fosse eu. Outras vezes passa serena, meio distraída, olhando pros lados, pras vitrines e até o céu a senhora olha. Eu queria poder acompanhá-la, participar da sua calma, ou até merecer o seu olhar.
Não vi um anél no dedo da senhora, isso fez com que eu sonhasse mais ainda. Mas eu só posso sonhar, porque sei que nunca a senhora olharia pra um homem como eu, antigamente poderia até olhar, eu era um homem muito melhor, por isso não posso nem dizer quem sou, senão a senhora nem leria nada que eu lhe escrevesse. Então me contento em ficar imaginando que a que as minhas palavras pelo menos lhe arrancam um sorriso.
Quando a senhora passa vestida de vermelho, parece um flor. Lembro cada detalhe da primeira vez em que a vi dessa cor. O casaco parecia ter sido feito em medida pra senhora, pois combinava com seus lábios. Fiquei com vontade de oferecer-lhe a mais vermelha das rosas, mas logo depois dessa vontade, eu me vejo refletido no vidro de uma loja e...
Só posso ficar aqui e desejar que as horas passem mais depressa pra que a senhora venha para me alegrar. Só de passar. Correndo. Porque tem alguém te esperando.

Larissa Fontes

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Uma noite de cara-enfiada-no-travesseiro


Ei, espera! Eu ainda tenho muito o que te falar. Aparentemente eu sou assim, meio "caradepoucosamigos", mas na verdade o que eu sinto só eu sei. Não falo pra ninguém porque eu tenho medo, cara. Sei que você não entende, nem garanto que saia daqui entendendo melhor alguma coisa. Mas agora eu preciso falar, não se levanta daí, por favor. Pede outra cerveja, tenta engolir sem pressa de me ver pelas costas. Eu sei que ela pode esquentar, mas não vamos pensar apenas nas coisas práticas e banais. Te chamei aqui nem sei porquê, já está me dando aquela coisa na cabeça, aquela coisa que quando me dá eu não consigo ornanizar nada, então saem essas coisas desesperadas, provavelmente incompreensíveis que eu tô falando. Me desculpa, cara, mas não se levanta, não sai pela porta desse bar, eu não sei se aguento outra cena assim, fica sentado, não precisa nem olhar pra mim se não quiser, mas me escuta. Você pode ficar calado também, pode fingir que não tá escutando, mas deixa que eu continue.
Como foi que a gente deixou chegar nesse ponto? Eu tô aqui, bebendo feito uma louca, tentando me explicar por coisas que eu nem sei, por coisas que não aconteceram só por minha culpa. No dia em que você foi embora, eu fiquei te esperando voltar pela porta que você mesmo deixou aberta, porque eu nem mesmo me dei ao trabalho de tirar a cara enfiada no travesseiro e ir fechá-la, de tomar coragem pra andar pela casa até a porta e ver que estava tudo no lugar, menos você.
Não queria levantar daquela cama, pra ver se dormia, se esquecia que eu poderia ter feito isso na hora, ter te pedido pra ficar, trancado a porta e jogado a chave pela janela, ter te amarrado até que eu soubesse o que fazer, o que dizer. Queria esquecer que eu só enfiei a cara nesse maldito travesseiro pra não te ver indo embora. Gritei pro travesseiro pra não ouvir você batendo a porta, o carro saindo.
Não queria ter que abrir os olhos e ver que os teus sapatos estavam ainda debaixo da cama porque você saiu com tanto desespero que nem se calçou. Não queria ver a toalha molhada que você deixou na ponta da cama. Não queria não ver teu carro na garagem na hora do almoço. Não queria ver que já estava na metade da manhã e você não tinha me ligado do trabalho pra dizer que não me acordou porque eu estava paracendo um anjo e dizer que agora estava tudo bem, que tinha sido só mais uma das milhões de discussões idiotas e normais. Não queria entrar na cozinha e não ver a tua chícara suja de café em cima da pia e que a nossa plantinha na sala estava seca. Não queria ver a minha cara inchada pela alcançada quase falta de lágrimas, resultado de uma noite inteira de cara-enfiada-no-travesseiro.
Não queria, não queria nada disso. Mas levantei e até tentei não perceber isso tudo. Tentei até ver um filme. Mas depois de um "Eu não vou embora por que eu prefiro estar aqui, brigando com você do que estar fazendo amor com qualquer outra pessoa" do filhadaputa do garoto de programa que se apaixona pela cliente e de mais duas intermináveis horas naquele apartamento que tinha se tornado além de enorme, totalmente vazio, escuro e frio, não consegui mais. Peguei o carro e sai dirigindo. E bebendo. No começo não sabia onde ir e nem o que fazer. Mas eu precisava te ver e eu sabia que ia te encontrar aqui. Queria só te ver, só passar e ver como estava a sua cara depois de tudo, mas aí eu te vi aqui sentado sozinho, quase cheguei a ver lágrimas nos teus olhos e eu tive que vir aqui, foi quase involuntáriamente. E ainda é involuntáriamente que essas coisas estão saindo de mim..

Larissa Fontes

Sobre estar só..


Palavras de quase amor eram faladas.. Pra quem? Pobre rapaz..


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Passarinho


quando chegar lá, passarinho
com teu cheiro forte e doce
avisa a esse céu que eu a ele pertenço, cada pedacinho

diz que todo mundo tem um pouco de solidão
mas essa de que se vale a pena ser dono
cada partezinha, por mais miúda, anseia por aquela emoção

que arde como brasa na fogueira,
que voa como tu, quando bate asas e se entrega.
coração que permanece batendo acelerado por noites inteiras

ao lembrar do teu olhar, passarinho
do teu canto sereno e tua cor de sol
que explode tudo aqui dentro esperando tua chegada, passarinho.


Larissa Fontes

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Quem irá os proteger?


Eles viviam separados. Em cidades diferentes, quero dizer. Muita coisa era diferente neles, mas por mais diferenças que existissem, no fim ficavam quase invisíveis. Eles riam ao mesmo tempo, por mais longe que estivessem, não importa a que distância. Quando conversavam, as palavras muito mais escritas do que faladas, dançavam. Tinham leveza, pureza. Não vou começar dizendo que foi amor à priveira vista, só pra ficar mais romântico, por que não foi. Na primeira vez em que se encontraram, não sei se realmente se encontraram, porque nem se notaram. Na segunda vez, posso dizer que eles sentiram algo quando se viram. Se olharam, sorriram. Se cumprimentaram. Se olharam mais. Só. Aconteceram mais coisas, mas isso só eles sabem, porque aconteceu dentro de cada um. Da próxima vez foi só um pouquinho diferente, eles se olharam mais e mais demoradamente. Alí claramente tinha alguma coisa. Alguma coisa escondida, que mais dia, menos dia, ia aparecer mesmo sem querer. Por si só. E apareceu. Aquilo era quase o amor. Pensamentos bonitos. Sonhos gostosos. E eles riam ao mesmo tempo, por mais longe que estivessem, não importa a que distância.


Larissa Fontes