segunda-feira, 27 de abril de 2009

A insustentável leveza do amor - O amor e suas catástrofes


Fiz uma oficina de leitura em cena na semana passada, cujo tema era A insustentável leveza do amor - Peças sobre o amor e suas catástrofes. Só peças sobre casais. Homem e mulher. Nenhum preconceito, mas eram peças escritas até o ano de 1996, então não se escrevia muito sobre homossexualidade nessa época. Enfim, o primeiro dia foi o que mais me cutucou. Sempre gostei de textos assim, já havia lido 'Eu sei que vou te amar' do Jabor mais de 4 vezes e qual não foi minha surpresa quando o Djalma Thürler, que estava ministrando a oficina, nos entregou o texto dessa peça pra trabalhar em cima dele. Intenso até dizer chega!
Começamos uma discussão sobre o amor simbiótico e as diversas formas de amar. Cada um apontava um caso que tivesse lido, visto num filme, ou até experiências próprias. A possessividade, o desespero, o sofrimento, os crimes passionais, etc. E assim fomos...
Num dado momento, perto do fim, o Djalma nos pediu que tentássemos lembrar uma música ou poema que falasse do amor como sinônimo de paz. O amor, não a pessoa amada. Até dissemos algumas, mas sempre percebíamos que sempre tinha uma pitada de dependência daquela pessoa, de desespero. O Djalme disse que está nessa busca há 8 anos e ainda não achou. Se souberem, me digam, porque fiquei curiosa.
Tô escrevendo isso aqui porque eu adoro quando vocês que me lêem comentam viajando no texto de verdade, e eu realmente queria saber o que vocês acham disso tudo. Qual a visão de vocês sobre o amor? Esse amor simbiótico. De dois. Contem seus casos, me digam se concordam com a visão desse amor perigoso, expressem suas opiniões, enfim.. Falem! Quero ver se isso dá certo.

Vou deixar uma provocação pra vocês pensarem nisso:

'O amor é que nem um submarino: até boia, mas foi feito pra afundar.'
(Trecho da peça 'Submarino' do Miguel Falabella)

Tipo um laboratório pessoal, haha
Beijo pra vocês,
Larissa



terça-feira, 21 de abril de 2009

Cheirinho de alecrim

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Emburrava. Nessas horas até queria que fosse embora, mas de repente se colocava a gargalhar de alguma coisa que não sabia direito o quê. Então voltava a agonia só de pensar que podia mesmo ir. Love story. Deus-nos-acuda. My love. ‘Que foi my Love?’. Fique emburrado, chato, sóbrio, careta, introspectivo, o cacete; mas me deixe te deixar ir. De perto faz sentido. Uma noite e meia de rostos desconhecidos em espelhos de formas das mais loucas. Anyway, se me der vontade de te ver eu pego um trem, ponho um chapéu com flores na aba, um vestido esvoaçando transparência todo colorido e me dano nesse mundo atrás disso que deunatelha. O mundo já acabou, pega uma chícara com ch e toma café até virar uns dois dias seguidos pra me acompanhar nesse mundo porralouca que é o de quem escreve. Recebi a carta, mas não quis ler, só pra ficar na expectativa do simounão. Andei em ruas cheias de praças com famigerados transeuntes artistas intelectuais e alternativos. As suas bravatas arrebatam a minha paz por minutos. Energias quase nucleares que me arremessam por ares que não são meus. Sentei numa daquelas praças, umas cinco horas da tarde e tomei chá com meu chapéu de flores na aba e meu vestido esvoaçante colorido, tudo bem noir. Aquilo, quando a parte beijada queima de timidez ao beijo sem pretensão declarada. Pensamentos maquiavélicos. Primeiro um sonho. Cautela exagerada. Descuidado agora. Não é exatamente isso. A xícara agora com x caiu e se quebrou. Não soube onde botar mãos, olhos, nem pés. Cheirinho de alecrim. Doce. Baila, baila, baila. Há três anos que eu bailo, bailo, bailo. Um céu que precisa de olhares, porque se mostra de um laranja que é rosa que é roxo que é azul que é o pôr-do-sol. É aquela cor que eu quero. A que não existe. Não existe porque quando vejo já é outra cor e outra e outra. Já foi em Saigon? Eu não.
Eu gosto de saber que você existe. Quero escrever um poema. Tantos ui uis. Estou emburrada, chata, sóbria, careta, introspectiva, o cacete.

L. Fontes

Ao som de 'acabou de passar batom vermelho e pelo espelho me lançou um olhar sofrido' de Djavan e ainda na frequência de uma tarde inteira de Caio Fernando Abreu.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Carta a(d)o céu


"Só quero dizer que eu to pronta. Você pode vir. Pode trazer tudo que te faz você, tudo que é teu pra dentro de mim. Eu to pronta pra acreditar nas tuas bruxas, pra ouvir as suas teorias de como é preciso sofrer pra ter amor, pra te acompanhar no rock pesado e até comer a tua salada. Tirei aquela flor do cabelo e quis ser séria. Não consegui e a botei de novo. E continuei a escrever versinhos bobos em papeis coloridos que colam. Estava pintando um céu no teto do meu quarto. Descuidei do pincel e o deixei cair. Não quero um céu no teto do meu quarto. Isso é coisa de menina. Eu quero ser mulher. Mas já tentei e continuo com a flor no cabelo. Agora no meu quarto não tem mais um céu pintado. Não tem nuvens, como teria num quarto de uma menina. É todo azul. Da cor do céu. Eu pressinto um movimento seu que conheço bem. A manada do Rei Leão desata a correr por dentro de mim. Vou deitar todas essas palavras numa grama bem verdinha e vou pô-las pra dormir antes que se achem no direito de falar o que bem entenderem.

Sei que eu to pronta pra ouvir tua música, pra te levar pra sair, pra ficar na cama lendo uma peça do Nelson Rodrigues com você do lado lendo a minha Bravo! com o Caetano e o Chico na capa. Tô pronta. Pode vir. Vem...

Com toda o 'estar pronta', da sua.

F. (De ficção)"
L. Fontes


'Fiz uma chancion d'amour
Fiz um love song for you
Fiz una cancione per te
Para impressionar você...'
Arnaldo Antunes

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Vai dar valsa


Queridos que me lêem, um amigo querido me convidou a colaborar com um blog recém-criado dele. Ele é um companheiro de longos devaneios em prosa e verso no msn (e também companheiro na paixão por Vinícius), então não poderia negar. Léo, isso só pode dar valsa. Hahaha

Me visitem lá também, vou ficar tão feliz quanto quando vejo cada comentáriozinho aqui! Sério.

Beijo!

http://vai-da-valsa.blogspot.com/


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Corpo-de-menina-que-só-sabe-fazer-rima-boba


Foi há um tempo atrás. Se pegou pensando em frases soltas, que no final rimaram. 'Aquele corpo de menina que só sabe fazer rimas bobas'. Colocava tudo num papel sem nem pensar em nada. Dobrava, abria, relia, como se fosse uma carta mandada pra ela de muito, muito longe. De muita, muita saudade. Ouvia falar em saudade e queria aquilo. Querer saudade? Sim! Queria tudo o quanto podia. Continuava com as frases, aquelas rimadas. O que podia fazer com aquilo? Sentir era a melhor saída. E sentia cada vez mais forte, cada vez maior, cada vez mais se sentia dentro daquele corpo-de-menina-que-só-sabe-fazer-rimas-bobas. Vivia mais. Mais viva. Mais ela. Dando vida também. Seu amor nascia, tomava forma, vivia. Imaginava o tempo em que seria uma mulher, senhora de si e de seus sentimentos. Mulher-senhora-de-si-e-de-seus-sentimentos. Mas isso (se existisse, ser senhora de qualquer sentimento que fosse), seria num tempo mais pra frente. Por enquanto, continuava com suas rimas bobas. Orgulhosa delas.

Ao som de 'Canção pra você viver mais', do Pato Fu.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Cenas de um filme inglês


Sopro e suspiros. "Que" falado pronunciando o "u". Achocolatado com gosto de leite e chocolate separados. O caminho dos teus lábios. Dois canudos usados sem precisão. Janela recém aberta. O gelo já dá-se pra ver. Coração embrulhado e deixado numa porta. Uma aranha que desce da madeira pra ser esmagada. Uma xícara. Um navio. Uma casa sem cerveja. Beber sorrisos. Avulso. Música com uma batida gostosa. Vontade de que? Paraparaparaparaparapapa...

"Ao som de 'Cenas de um filme inglês', do Wado."