Caminho sem saber e sem pensar. Uma estrada esburacada, mas bonita. Canteiros de um verde escuro e galhinhos marrons, dando um tom meio sépia à paisagem. Era aí que tudo se passava. Tudo bem sereno. Não sabia se era só. Tinha ela bem do lado, mas às vezes ela ficava meio distante, como se não estivesse ali. Sensação de não saber mesmo. De não pensar. Mas já imerso em um turbilhão de pensamentos. Quando um sentia o calcanhar doer de tanto andar, paravam e sentavam na beira da estrada mesmo. Olhavam o nada acontecer e só sentiam. Sentiam o nada acontecer. Aconteciam, em meio ao nada. Queriam ver o mar. Mas o mar parecia estar longe dali. Não cabia azul àquelas cores. Então brincavam de imaginar o som das ondas. ‘Agora uma onda chegou e engoliu os meus pés. Eu estou deixando, estou gostando dessa sensação!’. Pareciam estar lá mesmo. Quase conseguiam pisar nas areias quentes de sol. Mas voltavam de repente a estrada esburacada, mas bonita. Canteiros de um verde escuro e galhinhos marrons, dando um tom meio sépia à paisagem. Em alguns buracos havia água. Era o máximo de mar que podiam ter. Não achavam lugar nenhum. Por que estavam ali? Pra onde iam? Não sabiam. Queriam ver o mar. Mas o mar parecia estar longe dali. Não cabia azul àquelas cores...
Larissa Fontes
'Mas eu conto com você,
pois enquanto eu não me resolver,
eu vou lá, eu vou lá, eu vou..'
Ao som de 'Teus olhos', da Ivete com o Camelo.
'Mas eu conto com você,
pois enquanto eu não me resolver,
eu vou lá, eu vou lá, eu vou..'
Ao som de 'Teus olhos', da Ivete com o Camelo.