domingo, 30 de novembro de 2008

Cidade das flores


Não deixe de sorrir ao olhar pro lado e ver somente flores
num lilás beirando o azul e um amarelo fraquinho
Não deixe de enxergar a magia em tudo que há
e em qualquer instante
pois ela está, sempre estará.
Não deixe conter o encanto ao ver tantas luzes
e seus reflexos em toda parte,
pois mesmo que ainda não seja natal,
a expectativa dele traz o significado da palavra luz
em seus sentidos mais bonitos e poéticos.
Não deixe de querer ficar pra sempre nesse lugar
onde a temporada das flores se dá até no inverno
e tudo pode ser feito delas
de paredes extensas até arvores de natal.
Não deixe de se encolher num aconchego de si próprio
ao sentir o arrepio que o frio de uma brisa constante provoca.
Não deixe de se emocionar.
E mais uma vez, repito:
Não deixe de ver a magia em tudo que existe,
Não deixe de enxergar a magia em todo instante.
Porque pode-se viver dela.
É só acreditar.
Esse é o segredo.

Larissa Fontes

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Corro


"Hoje eu achei um caderno na rua. Estava meio sujo, meio velho. Não sei por quê, chamou minha atenção e o peguei. Quando o abri, vi que era um diário e mal consegui me conter até chegar em casa pra lê-lo todo.
Na primeira página, uma pessoa com um desespero que eu pude sentir ao ler, escreveu:

"Corro de trocar o que já tenho por isso que sinto quando tenho você por uns minutos e vejo voce ir embora, do inesperado nó na garganta te vendo entrar num carro e ao olhar o carro se afastar, ficar pensando que alí dentro está o homem da minha vida indo pra longe. Do que sinto quando te vejo de longe, do que sinto quanto te vejo se aproximar e do que sinto quando te vejo de perto. Tão perto quanto duas pessoas podem estar.
Corro de depender de você a minha felicidade e o meu amor; de só conseguir formar palavras pra você. De te ver em tudo que vejo, de só falar em você, de não saber quando te ver de novo.
Corro de saber que és tão desprendido de mim ao ponto de não sentir o meu pensamento. De tentar fazê-lo sentir, com tanta força. De quase enlouquecer por não saber o que estás fazendo agora e ter medo de te ligar.
Corro do medo de parecer pegajosa e mais uma apaixonada, mais uma que te quer e quer teus encantos.
Corro de não esquecer teu pé tocando o meu, tua boca na minha, teu olho no meu, teu sorriso pra mim, a visão de você coçando a nuca ao me encarar pelos vidros.
Corro de ter ciúmes teus! De não querer mais nada da minha vida que não seja ou não tenha a ver com você. De pensar que você não pensa em mim sequer uma vezinha por dia, de não estar pensando AGORA!
Corro do único meio de comunicação. De querer que me ligue, que me ligue todo dia. De te querer o tempo inteiro, cheio de defeitos.
Corro de não conseguir tirar os olhos de você. Corro de isso não passar. Corro de você. Corro de te amar."

Guardei ele na minha cabeceira e não me canso de ler. Qualquer dia mostro mais."

Larissa Fontes

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

"tudo é tão meu quando você vem se chegando, chegando de um modo só seu..."


Sabe aquela coisa de sorrir sozinha?
Hoje aconteceu de novo!

Um jeito de ser que dá vontade de sentar e olhar só o sendo acontecendo, entende?
Tô ficando complexa, não dá, não dá!
Tô rindo, tô rindo!


"Você sabe fazer tudo o que faz, nada existe em você que eu não goste demais! Quando você me diz: 'me apaixonei por você, meu', faz a cara feliz de quem sabe o que é seu... Eu nunca vi nada assim, ô loco!" Djavan

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Quando faltou energia


O céu parece estar gritando pelo meu olhar. Me sento e olho, então. Os pontinhos estão mais acesos do que nunca, e eu diria que alguns estão até maiores que o normal. E mais que o normal também, nessas horas vem o turbilhão de pensamentos. Mais um encontro comigo mesma e procuro aproveitar pra tirar o máximo que puder dele. Como o céu, as coisas dentro de mim gritam. Quero primeiro acalmar tudo isso aqui. Organizar: você vai pra um lado, você pra outro, isso descarta, aquilo guarda.

Larissa Fontes


sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Clarinho


Olhos tão claros que a fizeram enxergar um mundo
desconhecido e desconcertante, embora atraente.
A atraía para conhece-lo,
para gostar daquilo que ele tinha a oferecer.
Hora certa, lugar certo, pessoa certa
momento certo, tudo certo!
Acredita no destino
e ele sempre prega peças.
Pode não as entender de imediato,
mas procura ter a compreensão
de que mais cedo ou mais tarde
vem a explicação
em forma de flor, de vento
uma brisa que sopre e que venha a avisar
de que chegou, que está alí
azul como céu
clarinho como a água.
Que veio te ajudar, te proteger
te abraçar e até te cantar
aconchegar no teu colo,
dizer carinhos encantados
acariciar a tua beleza
de dentro e de fora
pra que se fundam e se dividam.
Como sempre, a conspiração
organizando o que há lá dentro
transformando tudo em luz
deixando tudo em paz,
dando a tudo, felicidade!


Larissa Fontes

E sorria, sorria!


E foi a primeira vez que ela sorriu sozinha, e enquanto sorria, achava mais lindo ainda o fato de estar sorrindo sozinha pela primeira vez. E sorria mais ainda. As pessoas a olharam, a deixaram tímida, mas mesmo a timidez não conseguiu conter os sorrisos. Apoiou a cabeça nos joelhos, e sentada, sorriu mais e mais.

Que carinho foi aquele que a fez afrouxar o sorriso daquela forma?


Larissa Fontes

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Baques, verdades, sim!


Eu pensei tanta coisa
chamar atenção, ou até me calar.
Mas calar pra que?
Se tenho aqui dentro tanta coisa bonita
pra sentir, pra falar!

Vi coisas bonitas, baques de realidade,
Procurei um silêncio cheio de sabedoria e achei
achei enfim, uma verdade.

Então peço agora que meu coração fale
que grite, que esperneie, que faça o que bem entender
não quero ter que conter
abafar, ou tentar fazer com que se distraia, que mude.

Reuno agora todas as palavras que possam dar nomes ao meu lado de dentro!

Digo sim!
Até para o caminho triste...


Larissa Fontes

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Um lampejo


Ela dormia no sofá, esperando-o chegar. Adormecia sem querer, o sono a vencia. Ele abria a porta com cuidado, querendo fazer uma surpresa, e a encontrava adormecida no sofá. Ficava um tempo ajoelhado, olhando-a tão serena, dormindo. Depois a pegava no colo e a colocava na cama.
Ela tinha o sono pesado, apenas sorria. Quem sabe sonhando...
Esse era um momento de paz, onde no ar só havia o amor.

Larissa Fontes

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Ele alí, tão irreal...


"Eu não sei fazer poesia, nem escrever bonito, mas tenho de falar de quando o vi. Ele alí, tão irreal, sentado na minha frente.

Eu trabalhava de garçonete naquele bar desde que eu tinha 16 anos. Estava acostumada com bêbados me cantando e vomitando todo fim de noite, acho que até fiquei meio antipática por conta disso. Nunca dei ousadia pra nenhum daqueles homens, primeiro porque eu estava trabalhando e segundo porque tinha nojo da maioria deles. Mas não dizia nada. Servia quieta, fazia meu trabalho bem feitinho pra não dar brecha pra reclamação.
Fazia um tempo que eu via um rapaz bem bonito que vinha sempre aos sábados e sentava na mesma mesa, lá no fim do bar. Eu nem tinha coragem de ir lá, tão bonito ele era. Sempre mandava o Bento, o outro garçom que trabalha comigo, que é muito meu amigo. Acho que o único amigo que eu tenho. O Bento é meio gay, apesar de nunca ter assumido, e sempre ia de bom grado atender o rapaz bonito. Sempre pedia umas cervejas e ficava lá, bebendo sozinho. O Bento me conhece bem e percebeu que eu ficava meio nervosa quando ele chegava, por isso acho que ele abriu mão da paquera e deixou pra mim, porque sempre vinha me dizer algo que descobria sobre ele.

Mas o que eu quero realmente contar, foi o dia em que ele chegou e não sentou na mesa de sempre. Sentou-se no balcão e então foi que o vi tão de perto. Ali, tão irreal, sentado na minha frente. Me olhou e simplesmente foi falando.

- Tive um sonho ruim...

Foi como se ele tivesse aberto tudo dentro de mim. Como se nos conhecêssemos desde sempre. Mesmo nunca tendo trocado uma palavra sequer com ele, eu sabia que estava falando comigo. Então larguei o pano de prato e os copos que eu lavava e sem dizer nada, me sentei em frente a ele. Senti que ele precisava falar. Só falar. Eu só vim a esse mundo, meu Deus, para ouvi-lo.

- “Eu andava sozinho por uma praia, a noite. Parecia não saber o que estava fazendo nem pra onde estava indo, só andava e andava. De repente dei a olhar pra trás, com medo de alguma coisa. Um medo me consumiu, um medo inexplicável. Olhava pra trás e não via nada, só a escuridão. E eu acho que era justamente isso que me dava medo: a escuridão.”

- Eu também tenho medo da escuridão. Embora vive nela...

- Como assim vive nela? Se a tua aura é completamente feita de luz? Clara!

- A minha o que?

- A sua aura. É uma coisa que te emana e envolve toda, como um sopro de ar. Diz muito sobre seu emocional. A sua, posso ver, é clara como o sol.

Eu precisava dizer alguma coisa. Mas o que eu poderia dizer? Que conversa, eu, uma pessoa que não sabe o que é aura, poderia ter com um cara assim? Acho que minha cara, que ficou totalmente vermelha, falou por mim. Ele facilitou.

- Te deixei sem graça? Não era a minha intenção, desculpe.

Não consegui responder nada, só o olhei, e quando vi que ele ainda não tirara os olhos de mim, abaixei os olhos ainda me sentindo quente, dessa vez não só o rosto, mas o corpo inteiro.

Nessa hora eu já me esmurrava por dentro, como eu podia ser tão idiota e não a ponto de não saber manter uma conversa com um homem? Principalmente sendo o homem com quem eu sempre sonhara.

Vi nos olhos dele alguma coisa de estranho. Não sabia ao certo se era uma coisa boa ou algo triste, mas fiquei olhando fixamente pra eles, sem perceber. Devo ter feito alguma coisa de errado, porque ele me deu um sorriso meio tristonho, e se levantou. Ainda ficou parado em frente ao balcão, como se esperasse que eu fizesse alguma coisa. Eu apertava minhas pernas, que ele não podia ver, me castigando por não ter coragem de fazê-lo ficar.

Ele se demorou um pouco ainda, mas viu que eu não ia falar nada e se virou. Começou a andar lentamente em direção a porta, tinha a cabeça baixa.

E se ele não voltasse? Se aquela mesa ficasse vazia de agora em diante?

Não pensei em nada. Dei um grito.

- Fica comigo?

Que reação ele ia ter agora, meu Deus?

Ele sorriu e veio na minha direção."

Larissa Fontes

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sem título


Eu voltava para casa, e refletia: "Se eu aceito o sol, o calor, e o arco-íris, preciso aceitar também o trovão, a tempestade e o raio."

Kahlil Gibran em suas Cartas de amor.

Transmissão


Fecho o olho
penso penso penso..
com força!

Você sente daí?


Larissa Fontes

domingo, 9 de novembro de 2008

Para algumas queridas


Resta a sabedoria da compreensão de que nem tudo é como esperamos. A vida sempre prega peças e já deveríamos saber disso. As coisas são inesperadas e nem sempre são dignas de esquecimento. Rancor é pesado, mas ser humano consiste nesses pesos também. É como se o mundo que você montou na sua cabeça e os sonhos que ousou sonhar durante tanto tempo viessem abaixo. E não houvesse ninguém lá embaixo pra segurar. É diferente o jeito de sentir e de lidar com as situações de cada pessoa. Mas a felicidade fica pela metade quando se vê quem se ama chorar. Uma vez me disseram que que o amor não devia fazer chorar, e que acima de tudo, ninguém tem o direito de fazer outro alguém chorar. Não de dor. Não de desprezo.

Se o interior é feito de cores, de energias que se dizem lindas, inteiramente de poesia, por que transparecer uma coisa obscura e desconhecida?

Mas uma coisa é certa: um abraço muda tudo, melhora tudo!

Larissa Fontes

Hoje


Hoje eu peço que o mar se acalme
que o vento sopre baixo
eu peço silêncio.
Hoje eu quero sentir tudo que há de não conseguir se explicar
tudo que faz o olho lacrimejar e o coração acelerar.
Hoje eu quero o bem acima de tudo,
a compreensão das coisas inesperadas
e a paciência de lidar com o tempo.
Hoje eu quero a calmaria que sucede a tempestade no coração
a certeza da tranquilidade conseguida com esforço.
Hoje eu peço que o céu se ilumine
que as estrelas se mostrem
eu peço silêncio.

Larissa Fontes

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Juro!


E dizem ter visto ele se desfazer todo em chuva para que pudesse cantar pra ela toda noite.

Larissa Fontes


Hora sim, hora não


hora acalenta, hora revira
hora aconchega, hora tange
hora completa, hora arrasa
hora amansa, hora atiça...

Larissa Fontes

Bandeira


Ouvi aquela toada
você com certeza viria logo atrás
com os teus olhos de fogo
que se abriam pra um infinito conhecido meu,
com teu colo, o meu oratório
com teu cheiro de cravo
e com toda aquele dizer de sonhos,
que me encobriam num clarão
da tua passada lenta e invisível...


Que poder, meu peito tem um trovão!

Larissa Fontes

terça-feira, 4 de novembro de 2008

E se a saudade for uma coisa boa?

Me diz!

Quando olha nos meus olhos,
sinto que as coisas estão indo bem..

Timbalada

sábado, 1 de novembro de 2008

Chuva e sol


"Hoje quando abri os olhos, não queria levantar. Aqueles dias em que só se quer ficar na cama o dia inteiro, sem nem falar com ninguém. Ouvi o barulho vindo de fora do quarto e logo me veio que ali não conseguiria mesmo ficar sozinha. Fiquei mais uns dez minutos tentando dormir de novo, mas o jeito foi me levantar. Saí do quarto na esperança de que ninguém me dirigisse a palavra e me encaminhei para a porta. Olhei da janela da sala e o mar tava num verde tão lindo, azul bebê, igual ao lápis de cor. Um vento soprou no meu rosto e aquilo me animou um pouco. Fechei o olho pra sentir aquilo, aquele cheiro de praia. Desci os degraus da varanda ainda sem pensar. Estava descalça e gostei da sensação dos pés na areia. Me sentei embaixo de um guarda sol, de um lugar que dava pra ver quase toda a praia, um pouco afastado da aglomeração que existe não importe o dia da semana.

Olhava a natureza toda sendo, e me perguntava como o mar ameaçava, mas não saia do seu lugar e invadia tudo. Ri da minha própria viagem. Nesse sorriso, vi você de muito longe, andando sozinho na praia. A camisa branca se destacava no teu corpo moreno. Segurando a sandália na mão, olhava pros próprios pés que as ondas vinham abraçar. Vi que arrancou uns olhares e uns cochichos de umas mulheres quando passou e nem percebeu. Daria um doce pelo seu pensamento.

Quando já estava perto, você parou, respirou fundo de frente pro mar, tirou a camisa e se sentou. Ficou um tempo assim. Parecia não notar nada do que acontecia em volta. Deitou na areia. Eu imaginava a temperatura do teu corpo, o sol te queimando, a areia te tocando, o vento que fazia carinho na tua cabeça. Se adequando totalmente a natureza da coisa, eu via até a sua respiração tranqüila, seu peito subindo respirando fundo de tempo em tempo.

Você estava tão lindo, que eu não tinha coragem de chegar perto e desfazer a paisagem que tinha se tornado com você ali, deitado, todo sujo de areia e quente do sol. Mas creio que a vontade de te ter perto foi maior, me levantei e fui andando em sua direção com cuidado, lentamente, com uma serenidade tomando conta do meu corpo.

Cheguei bem perto e de pé, continuei te olhando. Olhando de cima era ainda mais belo, de olhos fechados, com aquele sinal em cima da marca do sorriso. Acho que fiz sombra em você, ou não sei se dei um suspiro alto, e você abriu os olhos. Senti o meu rosto ficando vermelho e aquela sensação de não poder fazer nada para evitar que eu mesma me denuncie com aquela cara vermelha e o ar de nervosismo.

Você sorriu.

Eu quis me explicar, dizer que estava sentada bem ali atrás, que vi você desde que estava muito longe, que já fazia algum tempo que estava te olhando sentado, depois deitado, parecendo nem estar aqui na terra, mas enquanto eu tentava buscar palavras pra esse discurso todo, você já tinha ficado de pé e me abraçado. Então eu senti toda a pele do teu corpo quente por causa do sol, as mãos e as costas toda melada de areia e nem sei explicar o que eu senti. Só acho que a minha cara foi aquela meio de estranhamento, de quando eu acho uma coisa muito bonita. Depois dessa cara, vem um negócio, uma sensação de estar tudo cheio aqui dentro e de tomar cuidado pra não esborrar. É bem boa, essa sensação.

Enquanto estávamos abraçados, tudo estava parado. Paradinho. Até todo o barulho havia silenciado. No momento pós-abraço, fiquei com vergonha de te olhar nos olhos, em vez disso, olhei pro chão, meio desconcertada. Quando te olhei, você me olhava com uma expressão de carinho. Acho que é essa a palavra que descrevia a tua expressão naquele momento. Nos sentamos e ficamos de mãos dadas. Apertávamos a mão um do outro, com um desejo de que não fosse embora, como se quiséssemos agarrar aquele momento. Senti os grãos de areia entre os nossos dedos e me senti segura.

Uma nuvem veio e choveu. Chuva e sol. Não nos mexemos, ficamos ali, de mãos dadas. Debaixo do sol e da chuva."

Larissa Fontes