sexta-feira, 27 de junho de 2008

Phantom of the opera

Olha nos meus olhos,
esquece o que passou.
Aqui, neste momento:
silêncio e sentimento.

Sou o teu poeta,
eu sou o teu cantor
Teu rei e teu escravo
teu rio e tua estrada.

Vem comigo, meu amado amigo
nessa noite clara de verão

seja sempre meu melhor presente,
seja tudo sempre como és,
é tudo que se quer.

Leve como o vento,
quente como o sol
em paz, na claridade
sem medo e sem saudade.
Livre como o sonho,
alegre como a luz,
desejo e fantasia
em plena harmonia.
Eu sou teu homem,
sou teu pai, teu filho.
Sou aquele que te tem amor,
sou teu padre, teu melhor amigo,
vou contigo seja aonde for
e onde estiver, estou.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A menina e o passarinho

Ela ainda dormia. Sonhava com alguma coisa tipo um vôo, tinha vento no rosto e a sensação de pés fora do chão. Entre as cortinas de sua janela, já entravam as primeiras frestas da luz da manhã.
Mergulhada naquela sensação de não saber se está dormindo ou acordada, ouvia um canto grave e ao mesmo tempo doce, e acordou com um sorriso no rosto. Olhou pra janela e viu um passarinho pousado no para-peito. Era todo amarelo e tinha algo de diferente. Sua cabecinha miúda estava inclinada e ele parecia olhar pra ela.
Sentou-se na cama e não conseguia tirar os olhos dele. Não sabe quanto tempo ficou assim, até que saiu dele uma cantiga tão serena, como uma de amor. Ela adormeceu de novo. Quando acordou, olhou para a janela e nada tinha no lugar do pequeno pássaro. Ficou parada, tentando entender se aquilo tinha sido um sonho, ou se realmente acontecera.
Passou o dia olhando o céu e tentando ouvir alguma coisa parecida com aquela melodia. Nada mais aconteceu. Dias correram, e uma noite, sonhou com um homem que sorrindo, chegou perto dela e disse: "sempre vou estar aqui pra você". Acordou com um aperto no peito. Ela sabia que nunca tinha o visto antes, mas aqueles olhos pretos tinham um brilho que ela jurou ser familiar.
Ouviu de longe aquela cantiga, fechou os olhos e pediu que esse momento não acabasse, que ele aparecesse, que mostrasse suas asas, que cantasse pra ela, que olhasse pra ela. A cantiga parou. Ela continuou de olhos fechados, dessa vez mais apertados. Sentiu algo em seus pés, e quando abriu os olhos, viu uma florzinha amarela, igual a de seu sonho e quando olhou pra janela, lá estava ele, voando embora de seu quarto. Correu em direção a janela e nada podendo fazer, ficou olhando o pontinho amarelo se perder de vista. Naquela mesma noite, sonhou com o mesmo homem, olhando pra ela, chegando pertinho, sorrindo um sorriso calmo e perguntando: "pq você não me reconhece?".
Ela sempre acreditava que os sonhos queriam dizer alguma coisa e ela quase sempre conseguia achar uma ligação para os seus, mas esse tinha alguma coisa diferente. Quem era aquele homem? E aquele passarinho? Pq essa sensação boa e confusa?
Nos próximos sonhos, ele aparecia declamando poemas pra ela.
No último que ela se lembra, recebia uma carta junto com uma florzinha amarela, escrito, palavras de amor, de amor, de amor, de amor, de encanto.
E no fim,
Ass:
Passarinho

Sua forma de homem já não existia.
Mas ele voltava pra vê-la.
Em forma de passarinho.

Larissa Fontes

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Toda vez que você chega

Só comecei a prestar atenção nisso quando percebi que não eram só aquelas músicas que me faziam lembrar você. Só assim eu parei pra pensar.
Eu sei das suas caras e eu adoro quando você aperta o olho pra falar alguma coisa. Fico as vezes prevendo as suas reações.

Com você eu consigo ir nos extremos das minhas sensações: consigo ser totalmente eu mesma, totalmente aberta e ao mesmo tempo, uma timidez inexplicável toma conta de mim as vezes. O meu coração fica vazio e repleto; vazio, mas beirando uma explosão. Toda vez que você chega.

Larissa Fontes

sábado, 7 de junho de 2008

Clown



O meu coração vive escondido
Por detrás dessa cor, ele permanece
Batendo calado, vestindo um sorriso.

Posso ser eu, se quiser, escancarado
Envolto a magia, não me mostrarei
No meu preto e branco, estou sufocado.


Larissa Fontes
Que vontade de fazer uma coisa errada. O erro é apaixonante. Vou pecar. Vou confessar uma coisa: ás vezes, só por brincadeira, minto. Não sou nada do que vocês pensam. Mas respeito a veracidade: sou pura de pecados. (Clarice Lispector)

ilegais


Desse jeito vão saber de nós dois,
dessa nossa vida
e será uma maldade veloz,
malignas línguas
nossos corpos não conseguem ter paz
em uma distância
nossos olhos são dengosos demais
que não se consolam, clamam fugazes
olhos que se entregam, ilegais

Eu só sei que eu quero você
pertinho de mim,
eu, quero você dentro de mim;
eu, quero você em cima de mim;
eu, quero você

Desse jeito vão saber de nós dois
dessa nossa farra,
e será uma maldade voraz
pura hipocrisia
nossos corpos não conseguem ter paz
em uma distância
nossos olhos são dengosos demais
que não se consolam, clamam fugazes
olhos que se entregam, olhos ilegais

Eu só sei que eu quero você
pertinho de mim
eu, quero você dentro de mim;
eu, quero você em cima de mim;
eu quero você

Vanessa da Mata

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Deixa que eu seja sua; deixa que eu te possua; deixa eu te esperar; deixa que eu sonhe; deixa que eu grite; deixa que eu tenha vergonha; deixa que eu tenha meus pudores; entenda que não pode me entender; deixa que eu seja; não me deixe ser; deixa que eu não seja; deixa que eu vá; não me deixe ir; me segura; me deixa voltar quando quiser; me abraça; deixa que eu te abrace; deixa que eu me contradiga; deixa que eu me complique; não se complique; deixa que eu não entenda; deixa que eu me cale; não me peça pra calar; não insista pra eu falar; deixa que eu suma; deixa..

Beija eu, beija eu, me beija.

Seja eu,
Seja eu,
Deixa que eu seja eu.
E aceita
O que seja seu.
Então deita e aceita eu.

Molha eu,
Seca eu,
Deixa que eu seja o céu
E receba
O que seja seu.
Anoiteça e amanheça eu.

Beija eu,
Beija eu,
Beija eu, me beija.
Deixa
O que seja ser

Então beba e receba
Meu corpo no seu corpo,
Eu no meu corpo,
Deixa,
Eu me deixo
Anoiteça e amanheça


Marisa Monte

Um poema

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto


Paulo Leminski

Harriet

Sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor? Pois se eu me comovia vendo você, pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo, meu Deus, como você me doía vezemquando. Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta coisa, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você, sem dizer nada, só olhando e pensando: ah meu Deus, como você me dói vezemquando.


Caio Fernando de Abreu