Mais um momento comigo antes de dormir. Só comigo. Às vezes acho que sou diferente, por que sinto as coisas de um modo que raramente ouso comentar com alguém. Talvez as pessoas tenham vergonha de falar sobre sentimentos e parecer idiota, ou sejá lá o que acham.
Sou como uma janela emperrada: totalmente fechada, ou escancarada. Sinto tanta coisa junta, que tenho necessidade de colocar pra fora e a maneira mais fácil de faze-lo é pôr no papel. Nem sempre consigo, as palavras às vezes distorcem, subvertem o sentido das coisas, então quando pego o lápis (eu gosto de escrever à lápis), tudo se vai, como se algo estivesse me dizendo que aquilo é só meu, que só pertence a mim.
Eu acredito nos contos de fadas e no cinema. Me emociono com as coisas e sei que há emoção em tudo, mas nem em tudo a percebo. Estou tentando buscar lá no fundo de mim tudo isso, mas tudo me escapa. Tudo é só meu.
Não sou boa com o "olhar nos olhos". Eles me entregam, são as portas pro meu mundo. Por isso quando me sinto desprotegida, não sou capaz, não quero que eles de alguma forma falem o que quero calar.
Me acho nos mínimos detalhes dos meus dias. A cada um, me renovo, me transformo numa Larissa que não conheço e sou apresentada a mim mesma a cada pensamento.
(Larissa Fontes)
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