sábado, 16 de fevereiro de 2013

A noite em que Vinícius veio visitá-la


Ele começou a sussurrar em sua voz embriagada:
"E é doce naufragar neste mar..."
Era somente pra ela que falava.
Era somente ela que ouvia.

A lua branca a vestia 
e eram dele - e não dela -
os lentos dedos loucos que passeavam em seu corpo 
a buscá-la a si.
A face, olhos fechados,
não era triste
era contentamento 
por estar ali.

Ele a tinha em garras.
(Ela se tinha em garras).

"E ouço no tato
Acelerar-se-me o sangue
Na arritmia que faz meu corpo vil
Querer teu corpo moço
E te amo, e te amo, e te amo..."

E no toque exato
mulher,  expandiu-se 
e foi Atlântida! 
No silencio
foi oceano!

Estremeceu sem dizer nada,
se teve enfim
e deu-se, indissolúvel, aquele de voz molhada.

"E depois de muito mar, 
E muito amor,
Emergindo de ti...
Ah, que silêncio pousa,
Ah, que tristeza cai..."

E emergindo de si, 
um pranto profundo feito seus rios
a tomou feito vômito
E chorou choro de êxtase,
de amor por ele,
que veio visitá-la. 


P.s.: os trechos entre aspas são do poema "O Mergulhador", dele, Vinícius de Moraes.

2 comentários:

Guilherme disse...

Já sentia falta de seus escritos. Bom vê-los novamente.

Por onde anda, menina-das-letras-e-artes?

Bjo,

Gui.

Guilherme disse...

Já sentia falta de seus escritos. Bom vê-los novamente.

Por onde anda, menina-das-letras-e-artes?

Bjo,

Gui.